Pular para o conteúdo principal

Dê gosto ao seu desejo!


Não sabia mais nada sobre a vida, ficou horas adentro tentando compreender o significado do desejo para Deleuse e Lacan, folhava o livro com um encantamento inédito. Deu gosto na existência e asas na imaginação das entrelinhas (sem estrelinhas).

Queria continuar se entrelaçando naquela linguagem tão interessante e febril. Estava sentindo tanta afinidade e inquietação, mas a sua outra realidade a chamava...

Do desejo para a ética e da ética para a "morte". E era só ter coragem para seguir viagem...

" Pensar na morte deveria ser exercício diário. Exatamente por que se morre é que se pode conferir intensidade a cada dia que se vive. Cada dia vivido é um dia a menos na trajetória terrena(...) Viver com ética e pensar sobre o que se acumula nesta breve trajetória terrena é dever ético que, bem exercido, faria com que as pessoas se relacionassem melhor. Deixassem as insignificâncias e o supérfluo para pensar no fundamental". (José Renato Nalini).

Resolvi aceitar o "convite" de Nalini e comecei a pensar na morte e na intensidade de cada dia que temos para viver. Primeiro, pensei naquilo que mais me dá alento e inspiração para seguir e, acredito que seja a idéia de encontrar a felicidade na imperfeição dentro do perfeito.

Gosto de desafios para viver e sei que são eles que intensificam cada dia da minha vida. O que me desanima é a palavra não reta, dita repetida, sem deslizamento - sem vida. É como um pensamento fechado pela verticalidade passiva. Ativa!

Tenho medo da indolência e não da morte. Não consigo viver sem poesia, sem amor para sonhar e sem o meu chimarrão ( meu ar no último suspiro).

E acho que antes da morte, há muita coisa interessante para se fazer, para ler, Paris para conhecer, um olhar sincero para partilhar em entrega plena, desafios para vencer, pessoas curiosas para conhecer, Cartola na vitrola para ouvir, intervalos para significar, salsa para dançar, fotografias para quando a dúvida insistir, etc.

Enfim, há muitas  surpresas e desejos contidos voando por aí...

Dê gosto ao seu desejo!

Raíssa M. Londero

Comentários

  1. Sómente,
    "...salsa para dançar, fotografias para quando a dúvida insistir..."
    Fernando Ramos

    ResponderExcluir
  2. Olá Raíssa!
    Acompanho o teu blog já algum tempo e me encanta a maneira com que voce escreve e coloca tuas idéias, as vezes sobre política, comportamento, amores, enfim, sentimentos. A internet é infinita, por ela viajamos muito e encontramos de tudo, mas nem tudo serve aos nosso olhos e ouvidos (ao coração menos ainda). O som e as imagens possíveis da rede mundial, na minha opinião, nem sempre são pareo para descrever o que voce com um inteligente, competente e sensível jogo de palavras é capaz de trasmitir. Como já havia dito outra vez , tenho MUITO orgulho de ter voce como amiga.
    Desejo que continue a escrever cada vez mais e mais, sempre procuro algo inteligente pra ler na rede, e invariávelmente encontro em teu blog!
    Um Grande abraço!! Parabéns
    Fernando Ramos
    Jornalista- Grupo RBS

    ResponderExcluir
  3. um bom jogo de palavras.

    ResponderExcluir
  4. Palavras cheias de sentidos e de afetos nas "entrelinhas". Toca feito um tambor. Estou feliz por ter achado este blog. Um êxtase de inspiração. Rio neste momento!

    ResponderExcluir
  5. Olá..sigo e leio sempre seu blog, tenho um selo pra você lá ..

    http://anasudre.blogspot.com/

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Postagens mais visitadas deste blog

l o v e

Um dia conheci um homem interessante. Inteligente, enigmático, cheio de interrogações. Conversamos pela primeira vez com os olhos. As outras vezes tive a sensação de que estávamos fugindo assustados de qualquer afeto desmedido, de qualquer caminho que levasse ao outro. Não me esqueço dos olhos dele mirando áreas invisíveis da minha alma. Esta música é para ele:

HAITI: O pais caribenho soterrado pela miséria, violência e agora pela desgraça estrutural

Meu país é doença em seu coração, todas as pessoas que têm no meu país vivem na rua – Jean Marc Fantaisie - 20 anos (Jovem haitiano, que reside na cidade de Jérémie, também conhecida como “A Cidade dos Poetas”. Jérémie é uma cidade rural do Haiti). O Haiti é um país caribenho que se localiza no leste da América Central. Em 1492, os espanhóis ocuparam somente o lado oriental da ilha - atualmente República Dominicana – onde todos os índios da região foram mortos ou escravizados. Já o lado ocidental da ilha, onde hoje se localiza o Haiti, foi cedido aos franceses em 1697. Estes, por sua vez, passaram a cultivar cana de açúcar e a utilizar mão-de-obra escrava oriunda do continente africano. Em 1804 negros e mulatos haitianos travaram uma luta feroz contra os colonizadores franceses, que ficou conhecida como uma guerra de libertação nacional. Este movimento anti-racista e anti-colonial foi liderado pelo ex-escravo Toussaint L”Ouverture e, logo mais tarde, sob o comando de Jacques

Com um pé no Shopping Center e o outro no Direito

O sábio olhando para a lâmina da grama O jovem olhando as sombras que passam O pobre olhando através do vidro pintado por dignidade(...) - trecho da música Dignity do cantor e compositor norte-americano Bob Dylan - Confesso que nos últimos meses o verbo “estar” teve, particularmente, um distanciamento considerável do verbo “compreender” e de todos os outros do gênero...quero dizer, simplesmente, que estar num shopping Center distante do entender, sequer me fazia questionar o porque estava deixando de contemplar um lazer fora destes estabelecimentos comerciais. Emoções à parte e fatos surpreendentes também...a verdade é que conseguia num único lugar ir ao cinema, ao supermercado, na farmácia, em lojas, livrarias, jantar e ainda interagir com uma rede seletiva de pessoas, ou o termo mais adequado fosse: com uma sociabilidade restrita e uniforme? Longe de um pensamento terrorista sobre quem não abre mão de ir aos shoppings nos finais de semana e, por vezes, até considera isto